Um dia desses eu estava em uma parada de ônibus, em um desses terminais de tranporte coletivo de Fortaleza, que por conta do horário (já era mais de dez da noite) estava com um transito de pessoas bem menor que de costume. Entrei no ônibus e esperei o motorista embarcar para seguirmos viagem. Enquanto isso não acontecia, eu observava o que se dava ao meu redor: as pessoas que entravam, o rosto cansado de alguns, a conversa animada de outros que se encontravam depois de alguns dias de separação, os gestos inquietos de uns outros que queriam chegar em casa o mais rápido possivel.
E entre estes gestos, rostos, conversas e sentimentos fui obrigado a olhar atentamente a uma senhora que estava em um banco do terminal, como que esperando alguém. Ela tinha o rosto cansado, de gente que já apanhou muito da vida. Seu olhar era distante, triste e tranquilo. Seu cabelo tinha uma aparência áspera, era cumprido e caia sobre os ombros. Ela levava consigo uma enorme bolsa, que parecia estar cheia. De repente, ela tirou um lençol desta bolsa, se cobriu por inteiro e ali ficou, como que esperando o sono chegar, pra poder dormir.
Passei a viagem inteira pensando naquela senhora que não incomodava a ninguém, não pedia ajuda alguma, e estava sozinha, apenas procurando um lugar pra dormir. Ou talvez buscando apenas alguém pra conversar...
Estranho ne?
Quase sempre comigo eh meio sem explicacao, uma pessoa qualquer na rua, onibus, calcada....